Nem bem comemorou o sucesso na defesa de sua dissertação, a sergipana Nívia Maria Pereira da Silva já está pronta para a nova etapa de sua formação pelo Programa de Pós-Graduação em Fitopatologia . Em fevereiro, depois de um curso feito quase todo à distância, em função da pandemia do Coronavírus, ela apresentou seu trabalho “ Taxonomia de espécies de Cladosporium, Clonostachys, Trichoderma e Trichothecium micoparasitas de Austropuccinia psidii” , no qual indica possíveis agentes de controle biológico para combater a ferrugem causada pelo fungo Austropuccinia psidiiem plantas da família Myrtaceae. No Brasil, a doença atinge especialmente plantações de eucalipto e goiaba. Agora, em março, Nívia iniciou o doutorado, com a intenção de realizar novas prospecções e verificar o potencial antagonista dos fungos micoparasitas ao fungo fitopatogênico.
“É um trabalho conjunto com meu orientador, professor Gleiber Quintão Furtado , e meu coorientador, professor Robert Barreto . Estou feliz por ter conseguido, durante o mestrado, encontrar algo com possível potencial para controle da ferrugem, e agora terei a oportunidade de testar os fungos encontrados in vitro e in vivo ”, diz Nívia, que é graduada em Engenharia Agronômica pela Universidade Federal de Sergipe . Sua primeira passagem pela UFV foi ainda durante a graduação, quando ela foi recebida pelo professor Robert para um estágio na Clínica de Doenças de Plantas. “Quando eu terminei o estágio, eu já estava certa de que queria realizar o mestrado na Fitopatologia, isso foi em dezembro de 2019. Concluí minha graduação em abril, fiz o processo seletivo em julho e iniciei o curso em novembro de 2020.”
Nívia conseguiu a vaga no doutorado em função de seu desempenho durante o mestrado, realizado em apenas um ano e meio. “Quando eu soube que minhas notas me dariam essa possibilidade, falei ao meu orientador que gostaria de tentar e cinco meses para concluir o projeto e apresentar a dissertação. Deu certo!”, comemora ela. A crise de pandemia, embora tenha alterado completamente a rotina de estudos, não impediu que a pós-graduação encerrasse a etapa satisfeita com o aprendizado obtido e com os resultados. “Vim sabendo da aceitação do programa daqui, e não me decepcionei com nada. Passei pelo mestrado em um momento muito complicado, os professores estavam, assim como nós, se adaptando ao momento, aos obstáculos que estavam enfrentando. Ainda assim, acho que não deixei de conquistar nada”, diz ela.
Agora, no doutorado, a perspectiva é que os encontros presenciais podem potencializar o aprendizado e apoio a pesquisa de Nívia. “Desenvolver algo voltado para o controle biológico é um processo longo e que requer persistência, por isso tenho consciência de que a minha contribuição para o projeto, durante o mestrado e doutorado, corresponde às etapas iniciais desse trabalho, e pode levar anos até a obtenção de um produto final. Mas é uma alegria contribuir para esse caminho!”
Há diversos estudos sobre o uso de fungicidas para controle da ferrugem causada pelo fungo A. psidii , especialmente em culturas comerciais, mas o olhar para o uso do controle biológico ainda é incipiente. Em muitos países, porém, como na Austrália e Nova Zelândia , e no estado americano do Havaí , a doença ameaça fortemente os ecossistemas naturais. É especialmente nestes cenários que o controle biológico desponta como uma alternativa viável.