Doença fúngica
Mancha das folhas, mancha negra, pinta preta
Relevância da doença
Esta é uma das doenças mais importante de roseiras em todo o mundo. A mancha-negra é um problema menor nos cultivos em estufa, devido aos extremos cuidados no manejo das plantas e ao cuidadoso controle da umidade, enquanto que nas culturas em campo, a doença está quase sempre presente, com caráter epidêmico, constituindo-se num problema maior.
Etiologia
O fungo Diplocarpon rosae Wolf, causador da pinta preta, manchas-das-folhas ou mancha-negra, tem como anamorfo Marssonina rosae (Lib.) Lind, que é sinônimo de Asteroma rosae, Actinonema rosae.
Agente etiológico
Marssonina rosae (Lib.) Died., Kryptogamen-Flora der Mark Brandenburg 9 (5): 830 (1915) [MB#100074]
Reino Fungi, Filo Ascomycota, Subfilo Pezizomycotina, Classe Leotiomycetes, Subclasse Leotiomycetidae, Ordem Helotiales, Família Dermateaceae, Gênero Marssonina, Espécie Marssonina rosae
Sinônimos
Asteroma rosae Lib., Mém. Soc. Linn. Paris: 404 (1827) [MB#195476]
Actinonema rosae (Lib.) Fr., Summa vegetabilium Scandinaviae 2: 424 (1849) [MB#144224]
Diplocarpon rosae F.A. Wolf, Botanical Gazette Crawfordsville 54 (3): 231 (1912) [MB#189722]
Hospedeiro
Roseira, Rosa sp.
Distribuição
A mancha-negra está amplamente distribuída em todas as regiões produtoras de rosas do mundo, com especial incidência em toda a Europa, Estados Unidos, América do Sul, Brasil, Canadá, China, Japão, África do Sul, Índia, Turquia, Filipinas, Hawai e Nova Zelândia.
Sintomatologia
O sintoma típico da doença são manchas negras de 2-12 mm de diâmetro na superfície adaxial das folhas.
FOLHAS: As lesões apresentam-se como numerosas manchas pequenas, circulares ou irregularmente coalescentes, com margens caracteristicamente plumosas, radiadas devido aos cordões miceliais subcuticulares; as manchas estão rodeadas por um halo clorótico que se estende através da lâmina foliar até provocar a queda das folhas. Com frequência, observam-se numerosos acérvulos pequenos, negros, irregularmente distribuídos ou formando círculos concêntricos. Os conídios aparecem como massas mucilaginosas embranquecidas. As manchas crescem lentamente, e nas variedades resistentes aparecem apenas como diminutas manchas negras e as folhas não ficam cloróticas nem caem. Os pecíolos e as estípulas podem apresentar manchas negras inconspícuas, podendo ser circundados pelas lesões sem provocar a sua queda; o pedúnculo das flores e dos frutos e as sépalas apresentam sintomas similares.
FLORES: As pétalas podem apresentar sardas vermelhas, acompanhadas de distorções moderadas.
HASTES: Nas hastes novas, pouco lenhosas, das cultivares suscetíveis desenvolvem-se pústulas elevadas, irregulares, púrpuras a vermelhas, tornando-se negras quando amadurecem; mesmo que as lesões circundem a haste, raramente provocam a morte, porém são de extrema importância na sobrevivência do patógeno.
Características do fungo
Micélio imerso, hialino a marrom, ramificado, septado. Conidioma acervular, subcuticular, marrom escuro a preto, separado, pseudoparenquimatoso. Conidióforos hialinos, ramificados irregularmente, maioria lateral, septado, liso, formando o acérvulo. Células conidiogênicas holoblásticas, anelídicas, simpodiais e indeterminadas ou monoblásticas e determinadas, integradas ou discretas, doliformes ou cilíndricas, hialinas, lisas. Conídios hialinos, 1 septo, separando igualmente ou não as células. Lisos, base truncada, célula apical obtusa ou subaguda, às vezes reta ou curvada, mais ou menos constritos no septo.
O patógeno é bastante específico e se aproxima de um parasita obrigatório. No entanto pode ser cultivado em meio BDA mas requer vários dias para formar uma colônia visível, e sua virulência pode ser perdida após poucos meses de cultivo em meio artificial.
Manejo da doença
A resistência à mancha-negra é rara, especialmente nas variedades tetraplóides. Contudo, existem várias cultivares altamente resistentes, entre elas David Thompsom, Bebe Lune, Coronado, Erbest H. Morse, Fortyniner, Grand Opera, Lucy Cromphorn, Sphinx, Tiara, Carefree Beauty e Simplicity, porém a existência de diversas raças patogênicas do fungo é uma ameaça constante à quebra dessa resistência.
Deve-se evitar a permanência de uma lâmina de água sobre as folhas por mais de 7-12 horas, principalmente durante a noite. Retirar do campo e das estufas as folhas caídas e as hastes com sintomas e queimá-las ou enterrá-las. Evitar as plantações muito adensadas para facilitar a circulação do ar na folhagem.
Realizar pulverizações com fungicidas protetores enquanto prevalecerem condições favoráveis ao desenvolvimento da doença.
Referências
MycoBank – http://mycobank.org
Agrofit (MAPA) – Disponível em http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons, consulta em 26/06/2015
Index Fungorum – http://www.indexfungorum.org/
Kimati, H., Amorim, L., Rezende, J.A.M., Bergamin Filho, A., Camargo, L.E.A., Manual de Fitopatologia, volume 2, doenças das plantas cultivadas 4° ed., cap. 60, pág. 535, São Paulo: Agronômicas Ceres, 2005.