Mancha de olho pardo ou cercosporiose do cafeeiro.
Relevância da doença
A cercosporiose do cafeeiro é uma doença comum na cultura atacando folhas e frutos. As mudas doentes apresentam desfolha, redução no desenvolvimento e raquitismo, tornando-se impróprias ao plantio, já nas plantas adultas pode provocar desfolhas, chochamento, mal formação e queda de frutos. A intensidade da doença pode agravar-se em decorrência da deficiência hídrica prolongada e da adubação insuficiente e desequilibrada. Ataques intensos do patógeno no campo ocorrem, principalmente, em regiões altas e com solos pouco férteis, e pode causar perdas de até 30% na produção. A cercosporiose do cafeeiro é uma das doenças mais antigas conhecida nas Américas, sendo considerada endêmica.
Etiologia
Agente etiológico
Cercospora coffeicola Berk. & Cooke, Grevillea 9 (51): 99 (1881)
Reino Fungi
Filo Ascomycota
Subfilo Pezizomycotina
Classe Dothideomycetes
Subclasse Dothideomycetidae,
Ordem Capnodiales
Família Mycosphaerellaceae,
Gênero Cercospora
Forma sexuada
Mycosphaerella coffeicola (Cooke) J.A. Stev. & Wellman, Journal of the Washington Academy of Sciences 34: 262 (1944)
Sinônimos
Cercospora coffeae Zimm., Bericht über Land- und Forstwirtschaft in Deutsch-Ostafrika 2: 35 (1904)
Cercospora herrerana Farneti, Atti Ist. Bot. Univ. Pavia, Ser. 2: 37 (1904)
Ramularia goeldiana Sacc., Sylloge Fungorum 10: 554 (1892)
Hospedeiros
Coffea spp. (Café).
Distribuição
Generalizada, difundido ao longo dos trópicos.
Características
Sintomas
O sintoma típico da doença são manchas foliares circular-ovais, marrons, acinzentadas no centro e rodeadas por um bordo roxo.
FOLHAS: Os sintomas apresentam-se como lesões necróticas, circular-ovais, de 5-15 mm de diâmetro, marrom-claras a marrom-escuras ou marrom-avermelhadas, com o centro acinzentado, no qual desenvolvem-se as frutificações do fungo, que surgem como pequenos tufos cinza-brilhantes; a mancha está limitada por um bordo arroxeado e rodeada por um halo clorótico, todo esse conjunto assemelha-se a um olho de pássaro. As folhas infectadas terminam caindo por causa da alta produção de etileno durante a necrose dos tecidos, composto que estimula o processo de abscisão das folhas.
FRUTOS: A infecção nos grãos ocorre assim que começam a se formar, acompanhado-os até o amadurecimento, incidindo principalmente nas partes externas expostas ao sol, e apresentam-se como lesões superficiais, irregulares, deprimidas, marrons, alongadas no sentido do eixo longitudinal do fruto. Com a evolução da doença, o patógeno atinge a polpa (arilo) que cobre as sementes, apodrecendo-a e provocando uma necrose seca, de maneira que a casca fica aderida à semente no local da infecção ou todo o fruto pode ser atingido pela podridão, deixando-o totalmente mumificado.
Morfologia do fungo
Estromas pequenos podendo ter até 50 µm diâmetro, globular, marrom escuro. Conidióforos em fascículos, 3-30, pálido ao marrom médio, ligeiramente mais pálido em direção ao ápice, ocasionalmente ramificados, atenuado, ou um pouco fortemente geniculado, septadas, 20-275 x 4-6 µm; cicatrizes conidiais distinta, espessada. Conídios hialinos, acicular para obclavados, ápice agudo, base truncada ou subtruncados com hilo engrossada conspícuo, em linha reta ou raramente curva, indistintamente multiseptado, 40-150 x 2-4 (5-7) µm.
Material Herborizado
VIC
Cultura depositada
COAD
Referências importantes
MycoBank. Disponível em: www.mycobank.org. Acesso em 30 de junho de 2015.
MAPA (Agrofit) – Disponível em: http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons> Acesso em: 30 de junho 2015.
Agradecimentos
Aos amigos da turma pelo companheirismo, aos professores Robert, Olinto e Fabrício pelos ensinamentos e ao Davi e Adans por todo auxílio na condução deste trabalho.
Citação
Silva, L. C., Mancha de olho pardo (Cercospora coffeicola) em café. Biblioteca de imagens.
Última atualização 30/06/2015
Controle
Resistência varietal: Não há referências sobre a existência de possíveis variedades ou cultivares com algum tipo de resistência ou tolerância à cercosporiose causada por C. coffeicola.
Práticas culturais: As sementes devem estar limpas, sadias e adequadamente tratadas. Os viveiros devem ser estabelecidos em lugares de solos bem drenados, ambiente bem arejado e sombreamento adequado, e evitar a irrigação excessiva. Nas lavouras deve-se manter uma fertilização equilibrada, com adequado nível de nitrogênio e de umidade do solo.
Controle químico: Deve-se realizar pulverizações com fungicidas protetores e sistêmicos tanto nos viveiros como nas lavouras, nestas últimas, as aplicações deverão ser realizadas desde o começo da granação para garantir uma boa proteção dos grãos sensíveis de ser infectados a qualquer momento do seu desenvolvimento. Existem 78 produtos registrados para a doença (fonte: Agrofit-MAPA- http://agrofit.agricultura.gov.br).