Carvão
Relevância da doença
Diversos danos podem ser causados pelo carvão em um canavial, podendo acarretar perdas de até 100% em variedades suscetíveis. Algumas regiões canavieiras podem permanecer por muitos anos sem relatos de ocorrência da doença e, no entanto, o carvão pode reaparecer e devastar rapidamente áreas com variedades suscetíveis. Os danos causados pelo fungo incidem tanto na redução da produção como na perda de qualidade do caldo.
Etiologia
Agente etiológico
Sporisorium scitamineum (Syd.) M. Piepenbr., M. Stoll & Oberw., Mycological Progress 1 (1): 75 (2002) [MB#484933]
Reino Fungi, Filo Basidiomycota, Subfilo Ustilaginomycotina, Classe Ustilaginomycetes, Subclasse Ustilaginomycetidae, Ordem Ustilaginales, Família Ustilaginaceae, Gênero Sporisorium, Espécie Sporisorium scitamineum
Sinônimos
=Ustilago scitaminea Syd., Annls mycol. 22(3/6): 281 (1924)
=Ustilago amadelpha Syd., P. Syd. & E.J. Butler, Annls mycol. 10(3): 249 (1912)
=Ustilago amadelpha Syd., P. Syd. & E.J. Butler, Annls mycol. 10(3): 249 (1912) var. amadelpha
=Ustilago scitaminea Syd., Annls mycol. 22(3/6): 281 (1924) var. scitaminea
=Sphacelotheca miscanthi W.Y. Yen, Contrib. Inst. Bot. Nat. Acad. Peiping 4: 192 (1937)
=Sporisorium miscanthi (J.M. Yen) L. Guo, Mycosystema 3: 82 (1990)
=Ustilago scitaminea var. sacchari-barberi Mundk., Bull. Misc. Inf., Kew: 529 (1940)
=Ustilago scitaminea var. sacchari-officinarum Mundk., Bull. Misc. Inf., Kew: 530 (1940)
Hospedeiros
Espécies de cana de açúcar como Saccharum officinarum, S. barberi e S. spontaneum.
Distribuição
No Brasil, a doença foi relatada em 1946, no Estado de São Paulo e é atualmente encontrada em diversas regiões do país especialmente no Sul e Sudeste. Já foi constatada em 72 países, sendo sua primeira aparição reportada em 1877 na África do Sul. Na América do Sul foi primeiramente constatado na Argentina em 1940, disseminando-se para Uruguai, Paraguai e Brasil. Na década de 70 surgiu no Caribe espalhando-se velozmente na região canavieira e alcançando a Flórida e Cuba em 1978, espalhando-se posteriormente por toda a América Central.
Características
Sintomatologia
Esta é a doença mais facilmente identificada no campo por apresentar o chicote, que consiste em uma modificação do meristema apical do colmo (ápice), induzida pelo fungo, com tamanho variável, podendo chegar a mais de um metro. O chicote fica inicialmente recoberto por uma película prateada que, ao romper-se, expõe uma massa pulverulenta de ustilósporos do fungo, de coloração preta. Este sintoma surge em plantas com idade entre dois e quatro meses, sendo que o pico ocorre entre seis e sete meses de idade.
Antes de emitirem o chicote, as plantas doentes apresentam limbo foliar mais estreito e curto, manchas cloróticas nas folhas, colmos mais finos que o normal, com entrenós apicais apresentando tecidos escurecidos. Nas touceiras pode ocorrer superbrotamento e, ocasionalmente, em algumas variedades ocorrem galhas, proliferação de gemas e vassoura-de-bruxa.
Morfologia do fungo
Os ustilósporos são geralmente unicelulares e dicarióticos, com paredes escuras e espessas, cujo tamanho pode variar entre 3,5 e 50 µm de diâmetro. Fungos causadores de carvão não formam basidiomas (corpos de frutificação), logo, os basidiósporos (esporos sexuais) são formados a partir dos ustilósporos, quando originam um tubo germinativo denominado pró-micélio, que então dá origem aos basidiósporos haploides.
Material Herborizado
Vic
Cultura depositada
Coad
Manejo da doença
Recomendações de controle não químico para a doença
A forma mais eficiente para controlar a doença é o uso de variedades resistentes. A doença pode, ainda, ser prevenida com o uso de mudas sadias obtidas a partir de tratamento térmico para curá-las da doença (52 graus por 30 min ou 50 graus por 2 horas). Outra prática que deve ser utilizada, sobretudo quando são empregadas variedades de resistência intermediária, é o roguing (eliminação de plantas doentes), que deve ser feito a cada 7 a 15 dias, durante 6 a 8 meses.
Recomendações de controle químico
Após o tratamento térmico das mudas, pode-se estender a proteção com aplicações de fungicidas sistêmicos como triadimefon, triadimenol e propiconazole. Para escolha do produto recomenda-se consultar o Agrofit (http://agrofit.agricultura.gov.br) onde estão listados todos os fungicidas registrados para esta cultura, assim como, as indicações de uso.
Referências importantes
Ageitec: Agência Embrapa de Informação Tecnológica. Disponível em http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-acucar/arvore/CONTAG01_79_22122006154841.html. Acesso em 27/06/2015
Agrofit. Disponível em http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons. Acesso em 27/06/2015
BEDENDO, I.P., Podridões de Órgãos de Reserva. In: AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M.; FILHO, A.B. Manual de Fitopatologia: Volume I Princípios e Conceitos. 4a Edição. Piracicaba: Agronômica Ceres, 2011, 427-433.
JOKESHI, H. Doenças da cana-de-açúcar. In: KIMATI, H.; AMORIM, L.; BERGAMIN FILHO, A.; CAMARGO, L. E. A.; REZENDE. Manual de Fitopatologia: volume 2: Doenças das plantas cultivadas. São Paulo: CERES, 1997.
Mycobank. Disponível em http://www.mycobank.org/BioloMICS.aspx?Link=T&TableKey=14682616000000063&Rec=13914&Fields=All. Acesso em 27/06/2015
ORDOSGOITTI, A.; GONZÁLEZ, V.; APONTE, A. El carbon de la caña de azucar en Venezuela. Agronomía Tropical, v.31, n.1/6, p.301-307, 1982
Species Fungorum. Disponível em http://www.speciesfungorum.org/GSD/GSDspecies.asp?RecordID=484933. Acesso em 27/06/2015
Citação
Freitas, G. R. Cana-de-açúcar: Carvão. Atualizado em 01/07/2015.
Agradecimentos
Aos amigos da turma de mestrado em Fitopatologia por todo o companheirismo, ao professor Robert Barreto pelos ensinamentos e ao orientador Davi Mesquita de Macedo por todo auxílio.