Míldio da alface

1 – Relevância da Doença

A alface (Lactuca sativa L.) é, entre as hortaliças folhosas, a mais importante, economicamente para o Brasil. No inverno, com baixas temperaturas e com alta umidade, o míldio da alface, doença causada pelo agente etiológico Bremia lactucae, ocorre em praticamente todas as regiões do mundo onde a alface é cultivada, sendo esta considerada uma das doenças foliares mais severas desta cultura. Uma vez ocorrida na área de cultivo, possui um elevado potencial destrutivo, podendo causar perdas superiores a 80% na produção. A utilização de cultivares resistentes apresenta-se como a principal alternativa de controle.

2 – Etiologia

 2 .1 – Agente etiológico

Bremia lactucae Regel, Bot. Ztg: 666(1843) [MB#  220062]

Reino Chromista, Filo Oomycota, Classe Oomycetes, Ordem Peronosporales, Família Peronosporaceae, Gênero Bremia, Espécie Bremia lactucae

2.2 – Sinônimos

  1.  Botrytis gangliformis Berk., Journal of the hort.Soc .: 31 (1846) [MB # 152773]
  2. Botrytis ganglioniformis Berk.(1846) [MB # 253797]
  3. Bremia ganglioniformis (. Berk) CG Shaw, Mycologia 41 (3): 326 (1949) [MB # 508,284]
  4. Peronospora ganglioniformis Berk.[MB # 492680]

2.3 – Hospedeiros

São mais de 230 espécies hospedeiras dentro da família Asteraceae. Dentre eles podemos citar a alface, alcachofra, escarola, chicória e muitas espécies ornamentais e silvestres.

2.4 – Distribuição

Mundial, exceto na Antártida e do Ártico (CMI Mapa 86, ed. 3, 1969).

3 – Características

3.1 – Sintomatologia

Os sintomas iniciam-se nas folhas mais baixas, onde manifestam-se como áreas cloróticas, de tamanho variável que, mais tarde, tornam-se necróticos de cor parda. Na face inferior das áreas afetadas, formam-se frutificações do fungo de aspecto branco, constituído de esporangióforos e esporângios, que aparecem entre 24 e 28 horas após o surgimento dos sintomas. Próximo à colheita, as folhas mais externas e próximas do solo são as mais atacadas.

 3.2 – Morfologia do fungo

Hifas cenocíticas e biotróficas crescendo intercelularmente no hospedeiro. Haustórios de formato irregular, mas frequentemente sacular-clavado com cerca de 16 μm de comprimento e diâmetro de 10 μm. Conidióforos rígidos e hialinos, geralmente 1-3 conidióforos surgindo de um estoma;  ramificações dicotômicas (3-7) dão ao conidióforo uma aparência afilada; septos são encontrados no tronco principal e ramificações; nas extremidades do conidióforo observamos vesículas que podem ter formato de cone invertido ou tambor (8-15 μm de diâmetro); a vesícula geralmente leva 3-5 (até 18) esterigmas (3-8 μm de comprimento, 1,5-2 μm de largura) os quais se estreitam e na sua ponta é formado um esporângio. Conídios esféricos a ovoides, 12-31 μm de comprimento, 11-27,5 μm de largura, hialinos; pedicelo  com pelo menos 2 μm de comprimento, papila apical com parede ligeiramente grossa. Oogônias de tamanho variável, diâmetro máximo aproximado de 30 μm. Anterídios provavelmente diclinosos, gametângios surgem de hifas entrelaçadas. Oósporos raramente encontrados em espaços intercelulares no tecido hospedeiro, esféricos, raramente elípticos, apleróticos,  parede lisa com cerca de 3 μm de espessura remanescente do oogônio, dando aos oósporos hialinos uma aparência enrugada e coloração amarelo-marrom (Mycobank).

4 – Material herborizado

VIC

 5  – Cultura depositada

COAD

6 – Referências importantes

AgroGenes. Disponível em: http://www.agrogenes.com.br/2011/06/mildio-pode-destruir-producao-de-alface.html . Acesso em: 02 de junho 2015.

Kimati H., Amorim L., Resende JAM, Filho AB, Carmargo LEA (Eds.) Manual de Fitopatologia. Vol. 2. Doenças das Plantas Cultivadas. 4ª. Ed. São Paulo SP. Ceres. 2005.

MAPA (Agrofit) – Disponível em:   http://agrofit.agricultura.gov.br/agrofit_cons/principal_agrofit_cons  . Acesso em: 01 de junho 2015.

Mycobank: Disponível em:  http://www.mycobank.org/BioloMICS.aspx?Table= Mycobank &

Rec = 117079 & Fields = Todos    Acesso em: 01 de junho 2015.

Nunes RC Levantamento de Raças fazer agente causador do míldio da alface nenhum estado de São Paulo em 2012 e 2013. 2014. iii, 28 p. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de 2014.

7-Agradecimentos

Aos amigos da turma de mestrado em Fitopatologia pelo companheirismo, ao professor Robert pelos ensinamentos e ao Davi por todo auxílio.

8 – citação

C. A. Milagres. Míldio da alface (Bremia lactucae): Principal doença da cultura da alface no Brasil. Biblioteca de imagens. Atualizado em 01/07/2015

9 – jornal Última ATUALIZAÇÃO

1/07/2015

 10 – Controle

Recomendações de controle não químico para a doença:

Para um controle adequado, deve-se adotar medidas culturais como: utilização de sementes sadias (livre do patógeno); irrigar apenas o necessário, de preferência utilizar a irrigação por gotejamento para evitar a presença de água livre sobre as folhas e se for usada a irrigação por aspersão, deve ser feita nas primeiras horas da manhã; evitar  as plantações muito adensadas que facilitam o arejamento das plantas; manter boa ventilação nas culturas protegidas; realizar rotação de culturas com cultivos não-hospedeiros pelo menos durante dois anos; retirar do campo os restos de plantas infectados, os quais devem ser queimados ou enterrados. Além disso, podemos utilizar variedades que possuem certa resistência ao patógeno e que sejam adaptadas às condições de estresse ambiental.

Recomendações de controle químico:

Realizar pulverizações com fungicidas protetores preventivos. Para escolha do fungicida adequado é recomendado consultar o Agrofit (http://agrofit.agricultura.gov.br) onde estão listados todos os fungicidas registrados para esta cultura, assim como, as indicações de uso. Atualmente existem registrados 6 produtos no Ministério da Agricultura para serem utilizados nos programas de controle da doença.