Antracnose
Relevância da doença
A antracnose é uma das doenças mais importantes do pimentão em vários países principalmente onde as condições climáticas (clima ameno a quente e alta umidade) tornam-se adequadas para o desenvolvimento do patógeno. Essa doença é considerada uma das mais frequentes e responsáveis pelas maiores perdas econômicas em áreas produtoras de pimentão. Os esporos do fungo são transportados até o fruto por meio de respingos de chuva ou orvalho, que germinam e são capazes de penetrar na epiderme, permanecendo em estado latente até o início do amadurecimento. Em locais com alta concentração de inóculo e em épocas chuvosas, a doença pode afetar 100% dos frutos em pouco tempo.
Etiologia
Agente etiológico
Colletotrichum gloeosporioides (Penz.) Penz. & Sacc. (1884) [MB#158410]
Classe: Sordariomycetes
Ordem: Glomerellales
Família: Glomerellaceae
Sinônimos
Obrigatórios:
Vermicularia gloeosporioides Penz., Michelia 2 (8): 450 (1882) [MB#163969]
Facultativos:
Colletotrichum chardonianum Nolla, Journal of the Department of Agriculture of Porto Rico 10: 247 (1926) [MB#260430]
Colletotrichum derridis Hoof, Bulletin du Jardin Botanique de Buitenzorg 18: 473 (1950) [MB#295330]
Colletotrichum dracaenae Allesch., Rabenhorst’s Kryptogamen-Flora, Pilze – Fungi Imperfecti 1(7): 560 (1902) [MB#263510]
Colletotrichum tabaci Böning: 89 (1932) [MB#517185]
Colletotrichum tabacum Böning (1932) [MB#119597]
Gloeosporium affine Sacc., Michelia 1 (2): 129 (1878) [MB#219147]
Gloeosporium alborubrum Petch, Annals of the Royal Botanic Gardens Peradeniya 3 (1): 8 (1906) [MB#156491]
Gloeosporium anthurii Allesch., Hedwigia 34: 218 (1895) [MB#202616]
Gloeosporium begoniae Magnaghi, Atti Reale Ist. Bot. Univ. Pavia: 11 (1902) [MB#201763]
Gloeosporium epicarpi Thüm. [MB#211408]
Gloeosporium fructigenum Berk., Gardeners’ Chronicle 1856: 245 (1856) [MB#169966]
Gloeosporium fructigenum f. americana Krüger [MB#494355]
Gloeosporium fructigenum f. germanica Krüger [MB#494356]
Gloeosporium fructigenum f. hollandica H.R.A. Muller, Meded. Landbouwhogeschool Wageningen (1926) [MB#265374]
Gloeosporium limetticola R.E. Clausen, Phytopathology 2: 231 (1912) [MB#183787]
Gloeosporium mangiferae Henn., Verhandlungen des Botanischen Vereins der Provinz Brandenburg 40: 171 (1898) [MB#209320]
Gloeosporium olivarum J.V. Almeida, Bull. Soc. mycol. Fr.: 94 (1899) [MB#170163]
Phyllosticta araliae Ellis & Everh., Proceedings of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia 46: 355 (1894) [MB#174301]
Phyllosticta asclepiadearum Westend., Bulletin de l’Académie Royale des Sciences de Belgique Classe des Sciences 18 (2): 398 (1851) [MB#248717]
Protocoronospora phoradendri Darling, Madroño 5 (8): 242 (1940) [MB#289983]
Ramularia arisaematis Ellis & Dearn., Proceedings of the Royal Canadian Institute 1: 90 (1897) [MB#154894]
Hospedeiros
Capsicum annuum L. (pimentão)
Colletotrichum gloeosporioides é um patógeno que tem uma ampla gama de hospedeiros e, além de atacar variedades comerciais de pimentão, é capaz de causar a doença em mais de 197 espécies vegetais incluindo árvores, plantas invasoras, grandes culturas e hortaliças.
Distribuição
Essa doença tem distribuição mundial, causando perdas nas principais regiões produtoras de pimentão. No Brasil, há relatos de perdas severas nas regiões serranas do Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Características
Sintomas
Colletotrichum gloeosporioides ataca todos os órgãos da parte aérea, mas somente os frutos de pimentão é que exibem os sintomas típicos. Os sintomas típicos da doença são lesões deprimidas e escuras nos frutos. Nestes, os sintomas iniciam como pequenas lesões, marrom-escuras, circulares, deprimidas, com as bordas bem definidas. Com o passar do tempo, o centro da lesão torna-se cinza-escuro a negro, com círculos concêntricos, onde são observados pontos negros correspondentes aos acérvulos de C. gloeosporioides e sobre eles forma-se uma massa rosácea a alaranjada de esporos.
Morfologia do fungo
Conidioma acervular, anfigeno, subepidermal. As cetas muitas vezes estão presentes no acérvulo, mas às vezes decorrente sozinha de estômatos, formando fascículos densos e tendo conídios enteroblásticos apical. Células conidiogênicas discretas, enteroblásticas, fialídicas, hialinas e lisas. Conídio viscoso, formado isoladamente, cilíndrico, (10-) 15-20 (-25) x (3-) 4-6 µm, ápice obtuso, subagudo na base, asseptado, hialino, liso, formando septo antes da germinação. Apressório com margem inteira ou às vezes um pouco irregular lobado, ovalado, globoso ou ampuliforme, marrom a marrom médio, 8-12 x 6-9 µm.
Observações:
A fase sexuada de Colletotrichum gloeosporioides é Glomerella cingulata (Stoneman) Spauld. & H. Schrenk, Science New York 17: 751 (1903) [MB#245491]
Atualmente são encontradas, no banco de dados do GenBank, 5.649 sequências de nucleotídeos depositadas de diferentes regiões gênicas, referentes à Colletotrichum gloeosporioides.
Controle
A antracnose é uma doença é de difícil controle. Ela é detectada somente na fase de produção de frutos e em condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento da doença. O uso de fungicidas registrados é possível, porém não é sempre que se consegue evitar epidemias. Com isso, ações voltadas para medidas preventivas são de grande relevância, a fim de minimizar custos e otimizar o manejo cultural e a produtividade.
Recomendações de controle não químico para a doença:
Medidas de controle recomendadas são a utilização de sementes sadias, rotação de culturas, evitando-se o plantio de outras solanáceas, o uso da plasticultura (proteção da cultura) no período chuvoso, manejo ambiental adequado (as plantações não podem ser muito adensadas), evitar a alta umidade (realizar irrigação por gotejamento ou infiltração, e evitar a irrigação por aspersão). Após a colheita, os restos de cultura devem ser retirados do campo e queimados ou enterrados. A adubação excessiva também deve ser evitada.
Recomendações de controle químico:
As aplicações químicas devem seguir um manejo de resistência adequado, onde os produtos devem ser aplicados de forma alternada de acordo com o modo de ação. No controle químico podem-se utilizar fungicidas de contato e sistêmicos dependendo do clima predominante da região. Há vários produtos registrados para o controle da doença na cultura do pimentão. Atualmente existem registrados 21 produtos no Ministério da Agricultura que podem ser utilizados nos programas de controle da doença de acordo com o site do Agrofit (http://agrofit.agricultura.gov.br).
Imagens para diagnose
Referências importantes
Index Fungorum. Disponível em: www.indexfungorum.org. Acesso em 25 de junho de 2015.
Kimati, H., Amorim, L., Rezende, J.A.M., Bergamin Filho, A., Camargo, L.E.A. (Eds.) Manual de Fitopatologia. Vol. 2. Doenças das Plantas Cultivadas. 4ª. Ed. São Paulo SP. Ceres. 2005.
MAPA (Agrofit) – Disponível em: http://agrofit.agricultura.gov.br. Acesso em 25 de junho de 2015.
MycoBank. Disponível em: http://www.mycobank.org/BioloMICS.aspx?Table=Mycobank_Advanced&Rec=5976&Fields=All. Acesso em 25 de junho de 2015.
NCBI. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/Taxonomy/Browser/wwwtax.cgi?mode=Info&id=474922&lvl=3&lin=f&keep=1&srchmode=1&unlock. Acesso em 25 de junho de 2015.
Uhrn, K. H., Ahn, I. P., Kirn, S., Lee, Y. H. Calcium/calmodulin-dependent signaling for prepenetration development in Colletotrichum gloeosporioides. Phytopathology. v. 93, n. 1, p. 82-87, 2003.
Agradecimentos
Aos amigos da turma, pelo companheirismo, aos professores Robert, Olinto e Fabrício pelos ensinamentos e à Janaína por todo auxílio na condução deste trabalho.
Citação
Abreu, V. P.. Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides): importante doença da cultura do pimentão. Biblioteca de imagens. Atualizado em 01/07/2015.
Última atualização
01/07/2015