As relações entre plantas, patógenos e insetos estão na mira do recém-criado Laboratório de Interações Planta, Patógeno e Vetor, sob coordenação do professor Diogo Manzano Galdeano. Recém-chegado ao Departamento de Fitopatologia da UFV, o professor e pesquisador já iniciou sua atuação como orientador do Programa de Pós-Graduação em Fitopatologia e trabalha na estruturação do laboratório, que deve ganhar sede própria em breve. Essa é a primeira vez que a Fitopatologia da UFV tem um grupo de estudos voltado especificamente para este tema.
“É um campo que sempre foi muito relevante, mas que tem ganhado mais espaço, mundialmente, porque as doenças causadas por patógenos que são transmitidos por insetos estão causando prejuízos extremos a grandes culturas. Então, existe uma pressão do mercado, uma busca por pessoas capazes de estudar essas doenças. Na Fitopatologia, hoje, ainda somos poucos. Fico feliz porque estamos abrindo uma perspectiva nova no departamento e no PPG.”
Biólogo formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, com mestrado no Instituto Biológico de São Paulo e doutorado pela Unicamp, Diogo chegou no segundo semestre do ano passado a Viçosa. “Quando soube do concurso, eu estava fazendo um pós-doc na Universidade da Califórnia e enxerguei uma oportunidade perfeita para voltar ao Brasil. Eu não conhecia Viçosa, mas meus orientadores de Iniciação Científica e doutorado passaram por aqui e me diziam sempre sobre a excelência da instituição. Além disso, a vaga era voltada exatamente para a minha área de atuação”, conta o professor.
Durante seu doutorado e também no pós-doc, Diogo realizou estudos em torno do Huanglongbing, doença conhecida também como greening do citros, causada pela bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus. “Estudei alguns genes do metabolismo do inseto vetor da bactéria – Diaphorina citri -, que a gente chama de psilídeo do citros. Fomos investigar esses genes e ver se era possível “desligá-los”. Foi um trabalho de 4 anos, com muitas tentativas. Quando conseguimos desligar alguns genes, os insetos de fato morreram, confirmando o potencial desta técnica para controle biológico.” Depois, no pós-doc, Diogo seguiu trabalhando nessa mesma linha. Com a equipe americana, o foco foram os vírus que infectam o inseto vetor, também com a intenção de silenciar os genes que interfiram na transmissão da bactéria para a planta, como forma de controle biológico.
Na UFV, o professor tem se dividido entre a rotina das aulas, a orientação no mestrado e a busca por parcerias e financiamentos que possam potencializar a atuação do laboratório. “Os estudos em torno do greening serão um dos focos de trabalho do nosso laboratório, mas não o único. Minha meta é começar pelas doenças que atacam citros e milho e, aos poucos, expandir nossa atuação.” Nos próximos anos, Diogo pretende agregar ao laboratório estudantes com interesse nas relações planta, patógeno e insetos e uma boa dose de perseverança. “No nosso trabalho, é preciso pensar em todos os três elementos e nessas interações, tudo ao mesmo tempo. Então, temos muitos experimentos para fazer. É um trabalho que exige bastante dedicação e interesse, e não é fácil trabalhar com insetos porque precisa montar uma colônia, tem o ciclo reprodutivo, os ovos… muitas variáveis. Por isso, além de conhecimento, a gente precisa de paciência e foco.”