Prelecionista: Leonardo Packer de Quadros
Orientador: Prof. Fabrício Ávila Rodrigues
Data: 27/07/2023, às 8h, na Sala 100 do ESB/UFV
A ferrugem da soja (FS) é uma das doenças mais agressivas da cultura da soja. Assim, estratégias alternativas para o manejo da FS visando reduzir as perdas de produtividade e a pressão de seleção exercida sobre a população de Phakopsora pachyrhizi pelo uso abusivo de fungicidas merecem ser pesquisadas. Este estudo avaliou a eficácia da aplicação foliar de uma fonte solúvel de silício [Silício Forte® (10% óxido de potássio, 25% silício, 3% óxido de magnésio e 0,01% óxido de cálcio), Verde Fertilizantes Ltda, Brasil; 40 g/L e volume de calda de 100 L/ha; referido como silício solúvel (SiS) posteriormente], combinada ou alternada com fungicida [Trifloxistrobina (375 g/L) + Ciproconazol (160 g/L); Sphere Max® – Bayer S.A., Brasil], para controlar a FS em condições de campo. Os experimentos foram conduzidos nas safras 2021/22 [Experimento 1 (E1)] e 2022/23 [Experimento 2 (E2)] e instalados em delineamento em blocos casualizados com quatro repetições e seis tratamentos. Os tratamentos utilizados nos E1 e E2 foram os seguintes: (1) sem aplicação de SiS ou fungicida (controle), (2) três aplicações de fungicida (F), (3) três aplicações de SiS combinado com fungicida (SiS+F), (4) fungicida, SiS e fungicida, respectivamente, na primeira, segunda e terceira pulverização (F/SiS/F), (5) SiS, fungicida e SiS, respectivamente, na primeira, segunda e terceira pulverização (SiS/F/SiS) e (6) três pulverizações com SiS (SiS). Plantas em cada parcela foram avaliadas quanto à severidade, desfolha, produção e peso de 1000 grãos, parâmetros da fluorescência da clorofila a e concentração de pigmentos fotossintéticos (clorofila a+b e carotenoides). Os dados de severidade foram usados para calcular a área abaixo da curva do progresso da ferrugem (AACPF). O SiS inibiu a germinação dos urediniósporos de P. pachyrhizi de 38 a 55% para as doses de SiS variando de 40 a 80 g/L em comparação com o tratamento controle. Não houve diferença significativa entre os tratamentos SiS e controle e entre os tratamentos F, SiS+F e F/SiS/F para a AACPF, desfolha, peso de 1.000 grãos e produção. Houve diferença significativa entre os tratamentos para a AACPF nos E1 e E2 e desfolha no E1 (maiores valores para os tratamentos SiS e controle seguidos pelo tratamento SiS/F/SiS e pelos tratamentos F, SiS+F e F/SiS/F), desfolha no E2 (maiores valores para os tratamentos SiS/F/SiS, SiS e controle seguidos pelos tratamentos F, SiS+F e F/SiS/F), peso de 1000 grãos e produção no E1 (maiores valores para os tratamentos F, SiS+ F e F/SiS/F seguidos do tratamento SiS/F/SiS e também para os tratamentos SiS e controle), além do peso de 1000 grãos e produção no E2 (maiores valores para os tratamentos F, SiS+F, F/SiS/F e SiS/F/Si seguidos pelos tratamentos SiS e controle). A eficácia de controle da FS usando o SiS, alternado ou combinado com fungicida, variou de 44 a 97%. A AACPF foi significativamente reduzida em 6% para o tratamento SiS em comparação com o tratamento controle no E1. As plantas submetidas aos tratamentos F+SiS, F/SiS/F e SiS/F/SiS exibiram menor comprometimento do aparato fotossintético (maiores valores para o rendimento quântico máximo do fotossistema II, rendimento quântico efetivo do fotossistema II e taxa de transporte de elétrons e menores valores para o rendimento de dissipação de energia não regulada) e maiores concentrações de Chl a+b e carotenoides em relação às plantas do tratamento controle. Em conclusão, o presente estudo traz evidências do potencial de utilização do SiS, alternado ou combinado com fungicida, para reduzir a severidade da FS e desfolha devido ao melhor desempenho fisiológico das plantas infectadas (mais energia para ser alocada às vias bioquímicas envolvidos nas reações de defesa das plantas) com impacto positivo na produção.