Prelecionista: Gabriel Alves
Orientador: Eduardo Seiti Gomide Mizubuti
Data: 31/07/2023, às 09h, no Sala de Reuniões do DFP
Métodos computacionais de bioinformática estrutural podem contribuir para incrementar a compreensão dos fatores que governam a interação entre fungicida/oomicida-proteína servindo de subsídio teórico para predição da probabilidade da perda de sensibilidade em populações de fitopatógenos. A aplicação de oomicidas é o principal método de controle da requeima da batateira e tomateiro, causada por Phytophthora infestans. Curiosamente, apesar de três décadas de uso para o manejo da requeima, ainda não há relatos de resistência de P. infestans ao inibidor de quinona externa, azoxistrobina. No entanto, trata-se de um fungicida/oomicida sítio-específico para o qual há vários relatos de resistência em diferentes fitopatógenos. Hipotetizou-se que as substituições F129L e G143A, comumente encontradas associadas à resistência à azoxistrobina, acarretariam em confôrmeros não funcionais do citocromo B de P. infestans inviabilizando assim a ocorrência de mutantes insensíveis ao produto. Utilizou-se o método de saturação de substituições para se investigar a paisagem mutacional do citocromo B de P. infestans e suas implicações para a sensibilidade a azoxistrobina. Para P. infestans, a posição 142 na proteína citocromo b, corresponde a 143 relatada em outros fitopatógenos e considerada como a mais importante para a resistência à azoxistrobina. A região do citocromo b, correspondente ao entorno do sítio de interação do oomicida é ligeiramente variável, suportando menos de 33% do total do número de substituições teoricamente possíveis. A posição 142 pode suportar um elevado número de resíduos de aminoácido sem comprometer a estabilidade proteica mas que levam a resistência à azoxistrobina, o que reforça o alto risco de resistência a esta molécula. A não resistência de P. infestans à azoxistrobina parece estar relacionada a eventos que governam a estabilidade da sequência do DNA mitocondrial responsável pela síntese do citocromo b, uma vez que do ponto de vista de biofísica da proteína, não há impedimento à ocorrência de resistência a este fungicida/oomicida. Neste trabalho, demonstrou-se o potencial de uso de métodos computacionais para predição de ocorrência de resistência e, quando associados a ferramentas de simulação de genética de populações, as potenciais consequências para as epidemias.