Foto_3

Pesquisa foi desenvolvida pela equipe do Laboratório de Fitobacteriologia Molecular da UFV

Um artigo publicado recentemente pelo grupo de pesquisadores do , comandado pelo professor Jorge Luis Badel, repercutiu no site da British Society for Plant Pathology. No trabalho, os pesquisadores relatam as pesquisas realizadas na intenção de identificar genes que possam contribuir para aumentar a resistência do feijoeiro ao Crestamento Bacteriano Comum (CBC), doença que atinge fortemente as plantações de feijão na América Latina.

O trabalho desenvolvido ao longo de um ano e meio é parte da tese do pesquisador Francisco Henrique Nunes da Silva Alves, defendida em março deste ano no Programa de Pós-Graduação em Fitopatologia, e envolve a participação dos estudantes de iniciação científica Giovanni Carlos Cruz e Luis Alexandre Coelho, da pesquisadora Adryelle Anchieta Sousa (então doutoranda, além dos professores Jorge Luis Badel e José Eustáquio de Souza Carneiro. “Nós identificamos genes que são candidatos a estarem envolvidos na resistência, mas a prova de que esses genes podem de fato atuar neste sentido precisa ser confirmada utilizando experimentos adicionais. Esse é um bom início. É o segundo artigo que nós publicamos, na mesma revista, na tentativa de identificar genes envolvidos na resistência ao CBC”, diz Jorge.

Na primeira parte da pesquisa, o grupo inoculou plantas com os esforços voltados para Xanthomonas citri pv. fuscans, uma das duas bactérias que reconhecidamente causam o CBC. Agora, as pesquisas envolveram a segunda bactéria, Xanthomonas phaseoli pv. phaseoli. “É o mesmo processo: avaliar a severidade da doença e utilizar uma série de marcadores moleculares para tentar associar a resistência da planta com a presença de alguma variação na sequência de nucleotídeos no genoma que justifique as diferenças fenotípicas. Então, se você tem uma variação da sequência de DNA que se encontra frequentemente em plantas resistentes, mas não se encontra em plantas suscetíveis, você acredita que essa variação pode estar relacionada com essa resistência”, explica o professor. “E a posição dessa variação no genoma do feijoeiro pode nos ajudar a encontrar genes potencialmente associados com essa resistência.”

A busca por essas informações se torna especialmente desafiadora e importante por se tratar de uma doença nos feijoeiros, já que muitas das abordagens em biologia molecular que se aplicam a outras culturas não podem ser usadas de maneira eficiente nestas plantas, ao menos por enquanto. “O feijoeiro não pode ser transformado geneticamente tão facilmente como outras culturas. Mas a nossa ideia é que no futuro esses genes possam sim ser utilizados para aumentar a resistência do feijoeiro contra a doença”, diz o professor, projetando ainda alguns anos de trabalho de pesquisadores parceiros para que essa nova etapa seja alcançada. “São muitos fatores envolvidos, sendo necessário um bom financiamento da pesquisa visando incorporar esses genes a variedades com características agronômicas mais desejáveis, seja usando transformação genética ou mediante melhoramento vegetal convencional que, mesmo que seja um caminho mais imediato, ainda precisa ser explorado.”

Nos experimentos realizados pelo Laboratório de Fitobacteriologia Molecular foram inoculadas cultivares de feijão carioca e feijão preto, que têm papel importante no consumo do feijão comum na América Latina. No artigo mais recente, o grupo apresenta os genes identificados como possíveis candidatos a atuar na resistência da planta a Xanthomonas phaseoli pv. phaseoli e os compara com os identificados anteriormente nos estudos envolvendo Xanthomonas citri pv. fuscans.