Prelecionista: Marcela de Freitas Silva
Orientadora: Dalila Sêni Buonicontro
Data, hora e local: 31/10/2023, às 16h, anfiteatro do ESB
Resumo: Aphelenchoides besseyi é considerado um dos fitonematoides mais ameaçadores para a agricultura mundial. Apesar disso, escassas são as informações sobre diversidade genética, gama de hospedeiros e aspectos relacionados à interação desse com suas plantas hospedeiras. Dessa forma, os objetivos deste trabalho foram: i) identificar a espécie de Aphelenchoides que causa a mancha angular em jambu (Acmella oleracea); ii) caracterizar biologicamente e molecularmente populações de A. besseyi sensu lato oriundas de diferentes hospedeiros, comparando-as com outras populações do complexo A. besseyi já descritas; iii) avaliar aspectos da interação desse fitonematoide com a soja por meio de análises histopatológicas. Caracterizações morfológica, morfométrica e filogenética foram realizadas e A. pseudobesseyi foi identificado como o agente etiológico da mancha angular em jambu. A partir da caracterização biológica de populações de A. besseyi s.l. oriundas de arroz, jambu e soja, determinou-se que essas se reproduzem por anfimixia e apresentam compatibilidade sexual. Já as análises filogenéticas e de delimitação de espécies, baseadas em regiões do DNA ribossomal nuclear e mitocondrial, suportaram a separação das populações do complexo A. besseyi em A. besseyi sensu stricto, A. oryzae e A. pseudobesseyi, sendo que as populações estudadas se agruparam no clado de A. pseudobesseyi. Essas populações infectaram soja, algodão, feijão e jambu, mas não o morangueiro e o arroz. Na interação desse nematoide com a soja, verificou-se que A. pseudobesseyi migrou externamente aos tecidos da planta até as brotações, folhas, flores e vagens, onde se estabeleceu e causou sintomas como hipertrofia, hiperplasia e colapso de células. No entanto, o nematoide não foi capaz de infectar as sementes. Conclui-se que A. pseudobesseyi é o agente etiológico da Mancha angular em jambú. Todas as populações do complexo A. besseyi estudadas, oriundas de diferentes hospedeiros, são A. pseudobesseyi. As evidências apresentadas corroboram para o reconhecimento de A. oryzae, A.besseyi e A. pseudobesseyi como espécies válidas. O gene mtCOI é o marcador molecular mais adequado para o estudo filogenético de populações desse complexo de espécies. Na cultura da soja, o parasitismo de A. pseudobesseyi ocorre principalmente nas regiões de brotações, em folhas e botões florais, sendo que o nematoide migra externamente ao tecido vegetal até chegar em tais locais. No limbo foliar, o nematoide penetra nos tecidos, se alimentando de células do mesofilo. Já nos outros órgãos, o seu parasitismo ocorre externamente aos tecidos. No entanto, A. pseudobesseyi não é capaz de infectar as sementes de soja, sendo improvável a sua dispersão por meio dessas.