Prelecionista: Adryelle Anchieta Sousa
Orientador: Jorge Luis Badel Pacheco
Data: 14/11/2023, às 17h
Local: anfiteatro do ESB
Resumo: O tomate é uma das hortaliças de maior consumo a nível mundial, tanto in natura como em produtos processados. Sua produção é ameaçada por diversas doenças bacterianas cujo controle é altamente ineficiente. A coleção do Laboratório de Fitobacteriologia Molecular da Universidade Federal de Viçosa contém uma estirpe de Pseudomonas mediterranea (Pm), denominada UFV, que demonstrou inibição do crescimento in vitro de isolados representativos de diversos patógenos bacterianos do tomateiro. Neste seminário, serão relatados os resultados de estudos conduzidos visando determinar o potencial uso da estirpe Pm UFV ou de seus compostos no controle de doenças do tomateiro. A apresentação será dividida em três partes: na primeira, se descreve o potencial da estirpe Pm UFV como agente de controle biológico. Resultados experimentais indicaram que, embora a aplicação da estirpe Pm UFV às plantas de tomate ocasionou redução na severidade de mancha foliar causada por X. euvesicatoria pv. perforans (Xep), a mesma estirpe causou necrose da medula em todas as cultivares de tomate avaliadas, limitando seu uso direto no controle biológico. De fato, análises de Bioinformática indicaram que a estirpe Pm UFV possui clusters de genes para produção de diversas toxinas envolvidas na fitopatogenicidade bacteriana. Na segunda parte, se descreve a avaliação do potencial do precipitado ácido do cultivo de Pm UFV no controle da murcha bacteriana causada por Ralstonia solanacearum (Rs). Para tanto, vários meios de cultura líquidos de diferente composição foram testados para determinar o que mais favorece a produção de compostos antibacterianos por Pm UFV. Encontrou-se que os meios de cultura 3 e 4 são os mais promissores para obter compostos com atividade antibacteriana. O filtrado livre de células concentrado 50X do sobrenadante da cultura de Pm UFV em meio 3 inibiu o crescimento de Rs, porém causou murcha nas plantas de tomate quando aplicado no solo. Por último, na terceira parte, se relata a obtenção de extratos brutos da estirpe Pm UFV com atividade inibitória in vitro e in vivo contra diversos patógenos bacterianos do tomateiro. Extratos brutos em solventes de diferente polaridade foram obtidos a partir do cultivo de Pm UFV mediante extração sólido-líquido. Dos extratos brutos, o obtido em etanol (Pm/etanol) inibiu o crescimento de Rs e Xep. Aplicação de Pm/etanol em plantas de tomate causou inibição do desenvolvimento da mancha foliar causada por Xep em até 36%, dependendo do tempo de avaliação. Dezoito compostos foram identificados em Pm/etanol, dos quais cinco já foram descritos com atividade antimicrobiana. Além disso, a partir da sequência genômica de Pm UFV, foram preditos clusters de genes associados aos compostos antimicrobianos colicina E, histicorrugatina e siringomicina, os quais se encontram presentes em todas as estirpes de Pm analisadas.