Prelecionista: Ana Carolina de Almeida
Orientador: Lucas Magalhães de Abreu
Data: 13/06/2023, às 16h, no Anfiteatro do ESB
A classificação dos fungos fitopatogênicos quanto ao seu modo de nutrição na interação com os hospedeiros, como biotróficos, hemibiotróficos e necrotróficos, é parte dos conceitos fundamentais construídos durante a história da fitopatologia. Os biotróficos são considerados os mais sofisticados, pois na interação com seus hospedeiros, são capazes de manter as células parasitadas vivas para a obtenção de nutrientes, fazendo isso por meio de estruturas especializadas de nutrição. Já os necrotróficos, considerados menos sofisticados, liberam enzimas e toxinas que acarretam na degradação da parede celular e consequente morte das células hospedeiras e, assim, obtém nutrientes. Os hemibiotróficos compartilham características das duas categorias. Essas definições sugerem que a morte induzida das células do hospedeiro seja uma forma de impedir a nutrição e colonização pelos fungos biotróficos, mas uma situação vantajosa para os fungos necrotróficos. Porém, na última década, estudos com alguns necrotróficos típicos, como Sclerotinia sclerotiorum e Botrytis cinerea, mostraram que o processo que leva à morte das células hospedeiras influencia diretamente no sucesso desses patógenos. Neste seminário, o estereótipo de que os patógenos necrotróficos sempre “chegam matando” será desafiado à luz de evidências de que, antes mesmo de induzirem à morte as células hospedeiras, estes fungos empregam mecanismos sofisticados de regulação das respostas de defesa e manutenção da viabilidade celular vegetal. Também será abordada a importância dessas informações na atualização das classificações funcionais dos fungos fitopatogênicos e no ensino de fitopatologia, além das possibilidades de criação de novas alternativas para o manejo de doenças causadas por fungos necrotróficos com ampla gama de hospedeiros.