Prelecionista: Débora C. Guterres (Pós-Doutoranda DFP/UFV). Supervisor: Robert W. Barreto.
Data: 12/01/2021, às 16:00 horas pelo canal do YouTube (pos.fitopatologia UFV) Link: https://www.youtube.com/channel/UCCZZh5mUepI3YHAYxBuU7qw.
Austropuccinia psidii, o agente causal da ferrugem das mirtáceas, é considerado um dos fungos fitopatogênicos de maior importância mundial na atualidade. Além do considerável impacto da doença em plantações comerciais de eucalipto e goiaba, A. psidii é também uma grande ameaça à biodiversidade em ecossistemas naturais na Austrália, Nova Zelândia e Havaí. O fungo teve a sua distribuição expandida para essas novas regiões na última década e, sendo notoriamente polífago dentro da família Myrtaceae, passou a atacar espécies endêmicas nativas nessas regiões, inclusive colocando em risco de extinção diversas delas, com impacto ambiental ainda imprevisível. Embora A. psidii não cause danos graves em ambientes naturais não perturbados na América do Sul, de onde se originou, a ferrugem causada por A. psidii é a pior doença na cultura da goiabeira e também é importante em cultivos de determinados materiais de eucalipto, e foi importante em cultivos de pimenta da Jamaica (Pimenta dioica) no século passado. Austropuccinia psidii possui uma ampla gama de hospedeiros, com hospedeiras em mais de 70 gêneros e cerca de 450 espécies de plantas pertencentes a Myrtaceae e Heteropyxidaceae, uma característica incomum em Pucciniales. Em cultivos comerciais de plantas suscetíveis, o controle da ferrugem é baseado no uso de fungicidas aliado ao uso de cultivares resistentes e métodos culturais, porém em ambientes naturais, essas técnicas são impraticáveis. Por sua vez, o controle biológico clássico (CBC), pautado no uso de antagonistas naturais, é reconhecido como o único método sustentável para mitigar invasões biológicas. Um levantamento de fungos fungícolas que ocorrem em pústulas de A. psidii foi recentemente iniciado no Brasil, visando a detecção de micoparasitas com potencial para uso como agentes de biocontrole. No presente projeto, uma diversidade significativa de fungos já foi obtida. Esses fungos foram preliminarmente identificados por meios de análises morfológicas e moleculares e incluem espécies dos gêneros Acremonium, Alternaria, Botryosphaeria, Colletotrichum, Diaporthe, Dydimella, Epicoccum, Neofusicoccum, Phoma, Sarocladium, Simplicillium, Sphaerellopsis e Trichotecium. Destacam-se espécies de Cladosporium e Fusarium que ocorreram em uma incidência notavelmente alta. Neste último grupo foram identificadas as espécies: Fusarium armeniacum, F. decemcellulare, F. lacertarum, F. nirenbergiae, F. pseudocircinatum e F. sterilihyphosum. Uma grande diversidade de espécies de Fusarium também foi encontrada em outro estudo em andamento que avalia micoparasitas da ferrugem do cafeeiro. Não há superposição entre as espécies encontradas sobre Hemileia vastatrix e A. psidii, mas, nos dois casos, espécies de Fusarium conhecidas por incluírem formas fitopatogênicas importantes foram encontradas. Qualquer isolado que apresente potencial para o biocontrole será obrigatoriamente testado rigorosamente quanto ao risco que represente para plantas cultivadas ou não antes de sua inclusão em mais estudos visando o seu uso. Resultados preliminares dos testes já conduzidos serão apresentados.